18 de março de 2012

A defesa da indústria




Em 1840, o famoso historiador Alexis de Tocqueville percebeu que os americanos já adotavam a obsolescência programada na produção de navios e outras embarcações. Ao questionar um marinheiro sobre o assunto, Tocqueville foi informado de que a arte da navegação passava por um progresso muito acelerado e, por isso, as embarcações se tornavam “praticamente inúteis depois de alguns anos”.
E essa é a lógica que, de certa forma, ainda mantém a obsolescência programada nos dias de hoje. Os que apoiam essa defasagem estipulada acreditam que a prática favorece a inovação da indústria, que se vê obrigada a sempre criar algo novo para poder concorrer com os demais fabricantes.
Há também quem diga que essa é uma grande ilusão, já que as fábricas podem se negar a lançar algo novo antes de o modelo anterior de um produto ter faturado o suficiente. Em outras palavras, nessa corrida pela inovação, há que se levar em conta a possibilidade de um lançamento ofuscar o brilho de um eletrônico cujas vendas ainda não pagaram a sua criação.
Pelo visto, o modelo da obsolescência programada também traz riscos às indústrias. Mas o preço mais caro continua sendo pago pelo consumidor, que muitas vezes troca de eletrônico sem precisar, e pelo meio ambiente, já que os recursos naturais podem não aguentar tanta “inovação” ou dejetos gerados na fabricação e comercialização de novos produtos.

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